Num futuro distópico, as relações e emoções serão proibidas e o conceito de família será tabu. As pessoas serão idênticas, apenas distinguíveis por números e letras, e o mundo será controlado por uma brigada de soberanos, por uma substância alienadora, pelas cctv e por um governo déspota. O estado substituiu a figura de Deus e as pessoas apenas estão preocupadas com a sua segurança, em consumir e produzir mais, trabalhar muito e assim serem felizes.
Coppélia é filha de um cientista, o Dr. Coppélius, que trabalha num laboratório científico multinacional que desenvolve robots e projetos bio-informáticos para o governo.
Pai e filha vivem numa cidade altamente organizada e controlada onde não há espaço para a emoção, liberdade, livre arbítrio... Coppélia, a única personagem humana deste mundo distópico e controlado por uma voz sem rosto, decide ir em busca da liberdade. Saindo do submundo onde vive e sem que ninguém a veja, encontra o sol, a liberdade e a emoção, apaixonando-se por uma rebelde daquele admirável mundo novo.

INSPIRAÇÕES E MOTIVAÇÕES
Durante a minha formação universitária estudei teorias de diversos sociólogos e antropólogos que desenvolveram o seu trabalho refletindo sobre as sociedades e seus paradigmas. Uma das teses que me marcou foi a de Émile Durkheim que desenvolveu a ideia do “espírito de coletividade” como forma de compreender a coesão social de uma comunidade. Segundo Durkheim, a solidariedade, empatia e interdependência são fundamentais na manutenção de uma sociedade saudável. Ninguém diria que uma tese do início do século XIX se tornaria tão fundamental à luz dos dias de hoje.... Aparentemente, na era em que vivemos, falar de valores comunitários tornou-se uma mera utopia, pois vivemos em tempos favoráveis à desunião e individualidade. A transformação deste cenário requer esforços partilhados e a educação pode desempenhar um papel fundamental neste processo. Nesse sentido, considero que liderar uma escola, mesmo que de dança, deve responder a essa tarefa, a de educar estudantes comprometidos, resilientes, respeitosos e cooperantes. O estímulo do pensamento crítico, a compreensão das diferenças e o respeito mútuo, a promoção do diálogo, são elementos essenciais para a construção de uma sociedade mais unida, valores que tentamos incutir nos nossos bailarinos.
Coppélia 2.0 não deixa de ser uma reflexão caricaturada de uma sociedade robotizada onde não há direito à emoção e ao sentimento, há pouca tolerância pela diferença, pouco espaço para a comunidade e pensamento crítico, contrastando com a sociedade selvagem, aparentemente menos evoluída e mais suja ao jeito de Huxley na sua obra Admirável Mundo Novo. Como na obra literária Nós, de Zamiatine, no estado único de Coppélia 2.0 as pessoas existem para produzir mais e melhor, funcionando como robots. A medicação fornecida garante que não haja sentimentos e que a sociedade viva ordenada, limpa e focada no grande objetivo da produtividade. Filmes como THX 1138 e Star Wars inspiraram a estética clean de todo o segundo ato. O primeiro ato construiu-se por oposição ao segundo, numa estética de Mad Max e Dune onde os estereotipados selvagens, inspirados nas tribos da Namíbia e do deserto do Saara, ao jeito do iluminismo, vivem numa sociedade livre e ingénua. O trabalho de multimédia que vai ilustrando todo o espetáculo foi beber a grandes artistas como Ryoji Ikeda, Tiler Gab e Olafur Eliasson levando o público numa viagem por estes mundos retro futuristas. O fim, como em qualquer bom filme cyberpunk tem um lado apocalíptico, acabando com esperança. No fim tem que haver esperança!
Diana Amaral

FICHA TÉCNICA
DIREÇÃO ARTÍSTICA
Diana Amaral
COREÓGRAFOS
Ana Silva, Bárbara Aguiar, Beatriz Ioty, Carol Corrêa, Diana Amaral , Gláucio Romeiro, Sara Silva, Sofia Rodrigues, Luísa Marta, Paula Rodrigues
MÚSICA
DJ Elite Athlete
MULTIMÉDIA
Diana Coelho, Diogo Tavares, Enzo Mattos, Joana Pinto , João Silva - ESAD
FIGURINOS
Design: Diana Amaral | Concepção: Graça Seara, Mónica Vieira e Iraíde Silva
DESIGN CARTAZ
Ângela P. Metelo
MAQUILHAGEM
Mariana Almeida Mattos

ELENCO

DR. COPPÉLIUS
Miguel Pinheiro

COPPÉLIA
Amalia Baird

SWANILDA
Ângela Lopes
ESTADO SELVAGEM
TRIBO REBELDE HASSANIYA
Alice Domingos
Ana Rita Gomes
Ana Rita Marcos
Bárbara Soares
Beatriz Rodrigues
Íris Campos
Laura Carapinha
Leonor Pereira
Luisa Moreira
Mariana Vilas-Boas
Miriam Ferreira
Rafaela Nascimento
Sofia Almeida
Yuma Santos
CRIANÇAS DA TRIBO REBELDE HASSANIYA
Álvaro Teixeira
Ana Carolina Correia
Carlota Ribeiro
Daria Karpizina
Gustavo Salaberte
Maria Pinto
Mayara Santos
Otilia Hunt
Varvara Kudriashova
Viktoriia Sabadyr
TRIBO NÓMADA SELVAGEM -
TRIBO DIERMA
Beatriz Reis
Clara Delgado
João Santos
Lara Monteiro
Luisa Moreira
Maria Paquete
Núria Madureira
CRIANÇAS NÓMADAS SELVAGENS -
FILHOS DE DIERMA
Alice Brandão
Alice Gonçalves
Carlos Brandão
Eva Dias
Luísa Brandão
Maria Pestana
Maria Rita Sequeira
Olívia Silva
Santiago Mendes
A TRIBO OKURUWORO
Alice Gonçalves
Ana Luísa Oliveira
Ana Magalhães
Catarina Cunha
Cátia Sumalgy
Eva Dias
Leonor Amado
Luna Barreto
Madalena Menezes
Maëlle Duloquin
Mafalda Abreu
Margarida Ribeiro
Maria Rita Sequeira
Marta Ferreira
Nazaré Delmiro
Olívia Silva
Rita Cortes
Samira Sahd
Sara Sahd
Teresa Saraiva
Vera Ramos
ESCARAVELHOS DA AREIA
Caetano Oliveira
Carminho Anjos
Maria Manuel Silva
Matilde Pinheiro
Olívia Fiumarella
Rodrigo Nogueira
Sebastião Mendes
Sofia Bonilha
Sofia Lovison
RAPOSAS DO DESERTO
Alice Castanheira
Constança Anjos
Filipa Ribeiro
Maria Canas
Nicolau Beça
Sofia Oliveira
ESTADO ÚNICO
SOLDADOS DO ESTADO ÚNICO
Ana Margarida Braga
Carolina Machado
Carolina Sá
Francisca Branco
João Santos
Margarida Oliveira
Maria Clara Mendonça
Maria Miguel Paquete
Núria Madureira
Rita Braga
Sara Mei
ANDROIDES
Benedita Pires
Carolina Mattos
Clara Delgado
Francisca Oliveira
Guilherme Garcez
Isabela Mendes
Madalena Mouro
Margarida Ribeiro
Mariana Pons
Sara Santos
Elisa Pereira
PROTOZOÁRIOS
Francisca Bernardo
Helena Mesquita
Leonor Oliveira
Maria Inês Carvalho
Maria Rita Carapeto
ZOPHOBAS (LARVAS)
Camila Almeida
Lais Vecchia
Luísa Gomes
Luísa Tavares
Margarida Guerra
Naomi Reis
MOSCAS BRANCAS
Matilde São Vicente (Mosca Preta)
Beatriz Castro
Gabriela Ranzani
José Freitas
Margarida Almeida
Maria Rosário Barbosa
Mariana Valente
Matilde Araújo
Nina Azevedo
Rita Gouveia
Valentina Curado
HUMANOIDES
Benedita Cabo
Francisca Gomes
Kiara Monteiro
Leonor Amado
Maria Amaral
Maria Dias
Matilde Souza
Tilda Augustin
Violeta Oiveira
APOTECÁRIAS
Beatriz Nunes
Cátia Sumalgy
Elina Kravvariti
Isabel Rodrigues
Marta Macedo
Monica Read
AUTÓMATOS PROGRAMÁVEIS
Alice Agostinho
Carolina Carvalho
Carolina Santos
Inês Fernandes
Isabel Americano
Joana Seabra
Leonor Ribeiro
Madalena Menezes
Maria Azevedo Castro
Maria Blessie Bernardo
Maria Inês Santos
Maria Teresa Sousa
Rita Ferreira
Zoe Whitehead
PROGRAMADORAS
Ana Filipa Queirós
Ana Ferreira
Catarina Oliveira
Cátia Sumalgy
Maria Ferreira
Maria Francisca Queirós
Maria Francisca Fernandes
Maria Inês Santos
Marta Cristina Pires
CIBORGUES FEMININOS
Amalia Baird
Ângela Lopes
Carolina Machado
Francisca Branco

DIREÇÃO ARTÍSTICA

Diana Amaral
Mestre em Dance Science pelo Trinity Laban Conservatoire of Music and Dance em Londres, pós-graduada pela Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa em “Dança em Contextos Educativos” e licenciada em Antropologia Social e Cultural pela Universidade Fernando Pessoa. Fez a sua formação em Ballet Clássico pela ISTD na escola de Ballet Clássico Pirmin Treku.
Adquiriu formação em Dança Contemporânea com diversos professores e coreógrafos nomeadamente Cláudia Pereira, Lyndsey McConville, Fred Gehrig, Jasmine Wilson, Benvindo da Fonseca, Carole Moseley, Michael Dietz, Pedro Berdayes, Bruno Heynderickx, Nicolas Cantillon, Linsey Hibbs, Sally O’Donnel. Coreografa regularmente para competições e dirige artisticamente todas as produções da Academia. Realiza trabalho de coaching e faz orientação vocacional com alunos que pretendem o prosseguimento de carreira. Trabalhou com diversos museus e respectivos serviços educativos, tendo feito parte da Comissão Instaladora do Museu da Indústria de Chapelaria.
Fundou a Academia de Dança de Matosinhos em 2009, assumindo funções como diretora pedagógica e artística, professora de Ballet Clássico e Dança Contemporânea. Em 2016 criou com Sara Silva a Companhia de Dança de Matosinhos. Em 2020 integrou os corpos sociais como Vice-Presidente da Direção da Associação das Coletividades de Matosinhos e da Associação Plataforma Dança - Associação Nacional da Dança

COREÓGRAFOS

Ana Silva

Carolina Correa

Bárbara Aguiar

Beatriz Ioty

Gláucio Romeiro

Luisa Marta

Paula Rodrigues

Sara Silva

Sofia Rodrigues
AGRADECIMENTOS
Escola Superior de Arte e Design, Diana Coelho, Diogo Tavares, Enzo Mattos, Joana Pinto, João Silva, João Santos, Mafalda Strecht e a todos os alunos, professores, pais e amigos que ajudaram a construir este espetáculo.
APOIOS
Câmara Municipal de Matosinhos
Junta de Freguesia de Matosinhos e Leça da Palmeira
PARCEIROS
Escola Superior de Arte e Design
Colégio Primeiros Passos
Clip – Oporto International School
Associação Infantário e Jardim de Infância Carolina Michaëlis.